segunda-feira, 28 de maio de 2012

Olhos que não vêem, coração que não sente

Parece um chavão muito conhecido e até vulgar, mas são várias as vezes que vejo pertinência em dizê-lo.
Quando falamos em segurança na Internet pensamos logo no que as crianças e jovens estão expostos, nos perigos que correm com os predadores sexuais e outros tantos habitantes do mundo virtual.
Mas, esquecemos aqueles que passam também algumas horas do dia, mesmo que sejam minutos, a partilhar informação na rede social mais badalada dos últimos tempos, o facebook. Podem ser mais idosos, solteiros, viúvos ou divorciados, a viver sozinhos ou com companhia que não é verdadeira companhia, desempregados, ou seja, com um perfil muito vasto.
Não considero o facebook como um monstro, como algo criado para nos tirar a privacidade e etc..., até porque tudo o que lá aparece exposto, é o próprio utilizador que escolhe colocar em público.
Quando a utilização se baseia dentro da privacidade de amigos de confiança, em locais mais privados que se podem utilizar também nesta ferramenta, o perigo não é muito. É até considerada uma ferramenta de publicidade muito forte, com o qual concordo plenamente. É também um espaço de partilha e encontro com pessoas que nos são queridas mas que estão afastadas geograficamente, com o qual também concordo.
O dificil é convencer os mais graudos que a privacidade escrita em público deixa de ser privacidade e que, quem realmente anda atento a isto e está interessado em encontrar a oportunidade certa para fazer o seu golpe perfeito perde tempo à procura dele.
Isto dito desta forma parece um drama, um filme cheio de criatividade, e o mais chato ainda é que ouvimos "Isso é a tua opinião, eu sei o que faço.", "O que eu coloquei não tem importância nenhuma e podia ser colocado em público". Enfim, só acontece aos outros e nós não sabemos em que moldes acontece, quais foram os factores que levaram a que acontecesse.
Segurança na Internet passa por isso, ter humildade suficiente e até algum receio de colocar qualquer tipo de informação, não ganhar confiança a mais mesmo que utilizemos o mesmo espaço virtual todos os dias, mesmo que os habitantes desta comunidade sejam todos da nossa confiança.
Conclusão, ter respeito pela rede e pelas suas reais potencialidades e pelos seus utilizadores, esses que não se expõem mas que existem apenas com uma intenção, fazer o mal.
Se o há no dia a dia, sem estarem escondidos por trás de um computador, o que nos leva a crer e até ter tanta certeza que não existem nas redes sociais?
Para terminar esta reflexão, e como comparação mais palpável do tipo de crime a que estamos sujeitos, relembro as burlas que batem à porta dos mais idosos.
Uma senhora mais idosa vive sozinha, raramente sai ou convive com alguém. Mesmo sem exposição, alguém (que aqui chamaremos de intruso) percebe que ela vive sozinha e o tipo de vida que leva. Nunca ninguém viu o intruso a espreitar para a casa dela, a persegui-la ou à sua espera em frente a casa. Até que um dia ele aparece, muito bem vestido e acompanhado por uma senhora, dizendo à idosa que são conhecidos do seu filho que está na Alemanha a trabalhar. A idosa estranha, pois o seu filho não avisou nada, mas com medo continua a conversar com o intruso e a sua suposta esposa, pois estes simpáticamente já entraram em sua casa. O intruso continua a conversa, a idosa apercebe-se que ele está a avaliar toda a sua casa, até que ele se despede. Por sorte, a idosa não tem em casa nada que lhe chame a atenção. O intruso desaparece assim como apareceu e nunca mais foi visto por ela. A idosa telefona ao seu filho que está realmente na Alemanha e pergunta se o conhecia, ao que ele nega.
A idosa fica confusa, tal como eu fiquei ao ouvir esta história na primeira pessoa. Como é que aquele senhor sabia o nome dela, sabia que o filho estava na Alemanha e qual o seu nome, e mais algumas informações familiares? Ninguém sabe...
Por isso, uma pequeníssima informação que para nós parece banal e nada significante, pode ser mais uma peça do puzzle de alguém que já conhece os nossos hábitos, que identificou a nossa fotografia, o local de residência, as nossas rotinas, etc.
O mais engraçado é que, quando falamos em segurança na Internet associamos às crianças e jovens, esses que muitas vezes põem nomes falsos ou alcunhas, e colocam os dados pessoais não reais.
Precisamos lembrar que eles já nasceram na era digital, eles são os chamados "nativos digitais". Quem entrou nas tecnologias está a aprender a andar onde eles voam!
Há muita informação sobre isto na Internet, muitos estudos feitos e tornados públicos.
Boas leituras!

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